VOCABULÁRIO
DO Autor para o AO90,
DESTINADO AO PORTUGUÊS EUROPEU
(índice aqui)
1. Introdução
O objetivo do autor é a constituição de um vocabulário pessoal que possa contribuir para a elaboração de um Vocabulário Ortográfico Nacional (VON) para o AO90. O autor pretende no trabalho defender o português europeu, tão maltratado nos atuais vocabulários portugueses.
Aproveita-se para sugerir aperfeiçoamentos no AO90, mas sem o recusar liminarmente, para não criar outra confusão. Deseja-se esclarecer devidamente os seus pontos dúbios e convertê-lo para que seja possível um VON bem adaptado ao português europeu, independentemente de se aceitar um Vocabulário Comum (VOC) efetivamente comum no universo da língua.
A razão alegada pelo Brasil para afinal denunciar o Acordo de 1945 foi não poder aceitar imposições da Norma que só eram necessárias para Portugal. Assim, o autor analisa em cada vocábulo a solução brasileira, com os objetivos de: • na comparação manter quanto possível as soluções de 1945, • simplificar a língua sem perda de qualidade, • ponderar, nessa comparação e nessa simplificação, uma unidade que não prejudique o português europeu.
O autor não respeita o critério fonético nas sequências internas ct, pt, etc., a não ser quando a consoante é articulada em Portugal, porque entende que esse critério generalizado divide os falantes, quando o que se pretende é uni-los na língua. Cria muitas vezes palavras novas desnecessárias; logo, contraria até a simplificação e a unificação. Nos critérios base de escolha dos vocábulos pondera-se também, sempre com bom senso, a coerência e a eventualidade de retornos da grafia sobre a fonia.
Diz-se que o critério fonético escolhido foi uma forma de se conseguir uma boa orientação na grafia do AO90 e que, sem esse critério simplificador, é preciso agora voltar a fixar a grafia das palavras com a consoante, mesmo quando não articulada.
Porém, o
argumento da orientação não é muito válido porque
neste critério são frequentes desorientações do tipo *compato,
*ineto,
etc., e até
fato por
facto....
Na realidade, o critério fonético exige ter presente conhecimentos ortoépicos,
que não estão ao alcance de toda a gente.
Quanto a ter se fixar a grafia de algumas palavras, isso sempre foi e continua necessário; • por exemplo: se na Norma de 1945 era necessário fixar que accionar tinha de ter a consoante na sequência por uma questão de “coerência”, ...no AO90 é preciso agora memorizar que se deve “incoerentemente” escrever Egito, mesmo que se pronuncie o p e se escreva egípcio...
2. Regras
do autor para a escolha dos vocábulos
(Resumo no fim do artigo)
2.1 Exigência da consoante na palavra
•
Sempre que se
pronunciam em PT invariavelmente: adepto, convicto, pois a variante
sem a consoante perde sentido. Ou, então, oscilam em PT, aceitando-se, neste
caso, a variante sem a consoante, ...mas só se também frequente e se aceitável
em PT: sector/setor, mas dicção/dição, amnistia/anistia.
• Quando são invariavelmente mudas, também não se aceitando a variante fonética:
a) quando
a consoante é útil no português europeu para desfazer ambiguidades: corrector/corretor, óptica/ótica com os mesmos sentidos.
b) quando BRu com consoante, a variante pode recusar-se ou não:
• Recusa-se a variante para evitar
ambiguidades: acepção (BRu)/aceção, ambiguidade com acessão.
• Recusa-se a variante se tem
pronúncia inconveniente: telespectador (BRu)/telespetador.
• Não se recusa terminantemente a variante sem a consoante (não a rasurando como quando se recusa), mesmo se útil para abrir a vogal, ...no caso de a palavra ficar sem sentido com a vogal fechada. A não recusa terminante atende também aos hábitos já adquiridos nestes seis anos de aplicação do AO90. No entanto, esta variante será “não recomendada” para evitar duplas grafias: decepção (BRu)/deceção n. r.
• A etimologia continua preferencial, mas, também nos hábitos adquiridos, aceita-se a variante sem a consoante “se esta não tiver ação na vogal” e só se não houver incoerência num mesmo texto: apocalíptico (BRu)/apocalítico s. n. i. apocalipse.
2.2. Supressão da consoante na palavra
• A consoante pode ser dispensada quando a vogal fechada fique sem sentido: ação. Nos hábitos adquiridos e para simplificação, pode, assim, recomendar-se sempre a forma sem a consoante, ignorando a variante com ela: em introspeção, a variante seria introspecção, mas porque |introspção| não tem sentido, então, nem se regista esta variante. Estão também, neste caso, coletivo, objeção, adotar, etc.
• Quando a palavra é BRu sem a consoante, convém que o seja também em Portugal se não houver inconveniente: inspetor (BRu).
Mas pode impor-se a variante etimológica se conveniente para coerência num mesmo texto (Egito (BRu)/Egipto p. c. egípcio) e da mesma maneira num caso especial para evitar ambiguidades ou questões didáticas: ativo/activo c. e.
2.3. Escolhas quando BR tem as duas variantes
• Pode aceitar-se a variante sem a
consoante ou não: afecção/afeção (ambiguidade com afeição), estupefacção/estupefação s. n. i. estupefacto.
2.4. Acentos
O autor insiste em pára, pêlo para evitar a confusão com para, pelo.
2.5. Hífen
O autor não dispensa o hífen nos compostos com sentido aparente, aderência de sentidos ou tradição, tenham ou não elementos de ligação. Distingue-os de locuções.
2.6. Sugestões
O autor (Aut.) apresenta no seu vocabulário sugestões para a adoção de critérios diferentes daqueles que foram escolhidos para o AO90.
3. Vocabulário de modelos do autor
São só apresentados modelos de vocábulos para orientação de escolhas. Não é o vocabulário de consulta do autor, a publicar oportunamente. Quer este vocabulário quer o geral do autor não pretendem ser lei na língua, mas unicamente servirem para os trabalhos literários do autor e serem meramente uma contribuição para aperfeiçoamentos da aplicação do AO90.
Serão acrescentadas sucessivamente mais entradas ao Vocabulário, à medida que vão sendo estudadas. Algumas grafias poderão ser mudadas depois de conhecidas as posições finais da ACL, sobre os aperfeiçoamentos propostos para o AO90, se o Aut. concordar. Quando alteradas, terão a referência ACL.
O autor recomenda que os seus leitores aguardem pelas soluções finais da ACL, caso a caso. Recomenda-o mesmo nos hífenes, onde as escolhas do autor são semelhantes às feitas pela Academia, segundo o documento do Pórtico da Língua Portuguesa: Sobre o Emprego do Hífen, que acaba de ser publicado.
Índice
(com links)
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V
abrupto ― *abruto é um erro em PT porque a cons. é articulada
ação (BRu) ─ aceita-se a supressão da cons., atendendo aos hábitos já adquiridos e porque |âção| só tem sentido num conjunto com o pospositivo: -ção (ex.: amarração); • e há coerência com acionar
acepção (BRu) ― var. fonética aceção recusada para
evitar a ambiguidade com acessão
acionar (BRu) ― cons. suprimida porque vogal fechada
acupunctura ― a pronúncia em PT oscila entre articular ou não a cons.; • preferencial a forma etimológica para evitar mudanças e dado que a existência da cons. permite que seja ou não articulada; • a var. fonética acupuntura é aceite como legítima; • ver sector
adepto ― ver abrupto
adicto ― ver abrupto
adoção
─
dupla em BR, mas cons. dispensada, sem variante, atendendo aos hábitos
adquiridos e porque |adôção| ou |adução| não têm sentido;
•
o AO90 teve
também a virtude de propiciar este tipo de simplificações, quando no
emudecimento da vogal anterior não há um inconveniente muito grave;
•
não é aceitável que, por as palavras permitirem a consoante no Brasil, se
mantenha agora em Portugal a grafia com a consoante, quando a simplificação na
variante europeia se faz sem prejuízo (se não forem simplificacionismos
imponderados), pois isso seria desvirtuar muito o AO90 e perder a oportunidade
de simplificar a grafia como, aliás, também nalguns casos foi feita na Norma de
1945
adotar ─ como adoção e
em coerência, embora seja dupla
em BR; • o Aut. sublinha
mesmo que recusa a var. etimológica adoptar também para maior
simplificação; • notar que esta var.
etimológica é aceite
pelo VOC, mas está recusada no texto do AO90, ou seja, há um grave desentendimento
nesta palavra entre o VOLP e o VOC com o texto do AO90, o que significa que
nenhum dos trabalhos (VOLP, VOC e o próprio AO90) pode ser tomado como indiscutível
ad-renal ― *adrenal é erro, porque o r é [R] e não [r]
afecção ― BRd, mas afeção recusada porque ambiguidade com afeição
afetivo ― coerência com afeto
agosto ― meses com inicial minúscula; • mas “I de Dezembro”
Albergaria-a-Velha ─ topónimos sempre com hífen se estão ligados por artigo
alcaide-mor ― trad. com hífenes
além-fronteiras ― primeiro elemento com acento
algodão em rama ― sentido real: é uma locução
-am verbal ― o ditongo ‑am |ão|, verbal, é sempre átono
América do Sul ― sem hífenes
amnistia ― o m é
articulado em PT, logo anistia é recusada; • o VOLP BR não regista amnistia,
mas o VOC indica que é `média´ no Corpus BR, e, em conclusão, ou a ABL está
errada, ou o VOC inventou que BR usava esta palavra...
‑ámos ― amos no pretérito n. r. em PT
ântero-inferior ― ambos de natureza adjetiva com terminação do primeiro elemento em o, e deve haver hífen, segundo RG, contrariando o AO90, pois antero- também não é um elemento autónomo; • notar que, desde que exista separação como hífen, o elemento autónomo tem de ter o acento gráfico que caracteriza a sua pronúncia; • diferentemente, por exemplo, em anterofilia (antepositivo antero-: anterior + pospositivo -filia: folha), na qual o acento gráfico é ilegítimo no elemento antero-; • quando o elemento não é autónomo o acento gráfico é dispensado; • ver super-resistente
antevisão ― início do segundo elemento em consoante
anti-higiénico ― segundo elemento com h inicial
anti-Obama ― maiúscula inicial no segundo elemento
antissísmico ― vogal + s
apocalíptico (BRu) ― • var. apocalítico s. n. i. apocalipse num mesmo texto
apto ― ver abrupto
arroz integral ― as palavras estão no sentido real
arroz-agulha ― fig.: o sentido é aparente
artefacto ― ver abrupto
Ártico ― acento tónico dispensa cons.
aspectável ― recusada aspetável porque confusão com espetar
assepsia ― ver abrupto
asséptico (BRu) ― • var. assético s. n. i. assepsia num mesmo texto
assíntota ― cons. não articulada em PT
ata ― var. acta c. e.
ativo ― var. activo c. e.
atuação ― vogal fechada
atual ― vogal fechada
autóctone ― ver abrupto
autoestrada ― vogais diferentes; • o problema não se põe nas regras de RG, na terminação o, porque estrada é um nome; • mas ver ântero-inferior
autorretrato ― vogal + r
à vontade ─ locuções sem hífen , mas "o à-vontade dele”, conversão duma locução em substantivo por derivação imprópria, ver fora-da-lei
azul e branco ― den.: a grafia representa duas cores e não uma única, o sentido é real; • ver azul-escuro
azul-escuro ─ (“uma” dada cor) na qual há uma aderência de sentidos: a tonalidade e a saturação; • poderia ser um grupo NA (um azul que tem a particularidade de ser escuro), mas o composto poderá definir um azul com uma saturação bem definida (ex.: o típico mar “azul-escuro” profundo, quando sem nuvens), como se define também em azul-celeste (neste caso um azul como o do céu)
baba-de-camelo ― (doce, fig.) grafia da Imprensa Nacional-CM, FLIP da Priberam e Aut. (o qual propõe sempre hífenes no sentido aparente, contrariando os vocabulários para o AO90)
bem-estar ─ fig., aglutinado ficaria |beme|
bem-ditoso ― Aut.: “o bem-ditoso"; • mas superlativo absoluto analítico: “alguém que é bem ditoso", como se escreve também “alguém que é bem (muito) velho”
bem-humorado ─ segundo elemento com h
bem-intencionado ― Aut.: “o bem-intencionado” (não se pode aglutinar |bemin|
bem-visto ― Aut.: "o benvisto", como "o benfeito"; • mas "o problema foi bem visto", "o projeto foi bem feito"
benfeito ― como benfazejo, benfeitor, benquerença
bissetriz ― var. bissectriz c. e. por questões didáticas
bom senso ― grupo AN
braço-de-ferro ─ (medição de forças, fig.) ver baba-de-camelo
cabeça de série ― (no futebol, den.), u. t., seguindo critério ACL, pois cabeça tem no composto o sentido real de parte dianteira ou inicial; • ver teatro de guerra.
cabeça-devento ― fig. ambos os elementos; • FLIP aceita
cara de caso ― den., u. t., seguindo critério ACL, caso com o sentido dicionarizado de “situação problemática”
característica ─ cons. frequentemente articulada; • var. recusada: caraterística
carácter ― coerência com característica e caracteres (BRu), caracterizar, etc.; • var. caráter para simplicidade futura, dado que a vogal tem acento gráfico
casa de banho ― é uma locução, equivalente no sentido objetivo a uma palavra só (em BR: banheiro) den., e como tal, sem hífenes
Castelo Branco ─ topónimos sempre sem hífen se não têm grão‑, grã-, forma verbal ou não estão ligados por artigo
chapéu de chuva ― den., chapéu e chuva no sentido objetivo; • esta nova grafia ACL contraria RG
chapéu-de-coco ― fig.: coco não está no sentido objetivo (não é de coco) e a palavra isolada não representa uma forma (diz-se: em forma de coco); • contraria RG
circum-navegação ─ hífen se o segundo elemento começa com vogal, m, n, h; • idem para pan-
circunspecto ― ver abrupto; • o Aut. considera a variante fonética *circunspeto um mamarracho, inventado para ficar coerente com circunspeção que, aliás, só deve ser usada se no mesmo texto não está circunspecto
coacção Aut. ― (ação de coagir) |kôàção|; • cons. conveniente
para evitar a ambiguidade com coação (de coar); • Aut. recusa a var. coação
(BRu) com esta acepção, mas aceita coactivo (BRd) ver; • nesta discrepância
BR, mantêm-se em PT uma palavra (coacção) que já existia na língua; • ver recoleção
coactivo ― (que coage) |coàtivo|;
• Aut. recusa a var. coativo
com esta acepção, para
evitar ambiguidades com formas da família do verbo coar; • volta a
sublinhar-se a incoerência BR em ter coactivo e negar coacção
e que o VOC indica que a palavra coactivo é de BR, parecendo
assim negar a sua utilização PT, o que o Aut. recusa
coleção ― cons. dispensada porque |colção| não tem sentido
colete-de-forças ― (grande opressão, fig.) FLIP não recusa; • mas colete de forças, den., é uma locução quando se refere ao colete propriamente dito: para conter um demente que esteja desvairado
coletivo ─ agora aceita-se, atendendo aos hábitos já adquiridos e sem a var. com a cons., como prioridade à simplificação; • notar que coletivo |coltivo| se pode confundir com cultivo; • num vocabulário para PT que conservasse as cons. convenientes para abrir a vogal, continuaríamos com colectivo, pois é BRd, e haveria na mesma unidade na língua; • houve pouco cuidado com o português europeu no estudo do AO90
compacto ─ ver abrupto
concepção (BRu) ― • var. conceção
recusada para evitar a confusão com concessão
concepcional (BRu) ― coerência com concepção;
• concecional
recusada
conceptismo (BRu) ― coerência com concepção;
• concetismo
recusada
conceptivo (BRu) ― coerência com concepção;
• concetivo
recusada
conceptual (BRu) ― coerência com concepção;
• concetual,
recusada
conceptualismo (BRu) ― coerência com concepção;
• concetualismo
recusada
conectar (BRu) ― ver abrupto e em coerência de pronúncia com conexão
conectividade (BRu) ― ver abrupto e em coerência de pronúncia com conexão
conectivo ― ver abrupto e em coerência de pronúncia com conexão
conector ― ver abrupto e em coerência de pronúncia com conexão
confecção (BRu) ― logo preferencial; • var. confeção
|confssão|
recusada
para evitar a confusão com confissão
confeccionar (BRu) ― coerência com confecção;
• confecionar recusada em
coerência com confeção; • o vocábulo confeccionar dá ideia do
pouco valor que tem o conjunto das indicações do VOC para PT: o VOC indica
«palavra não atestada no VON selecionado» mas em Fontes indica que o vocábulo
no Corpus Português é alto; •
em que ficamos?
connosco ─ grafia usual PT; • var. BR conosco
recusada em PT, porque a pronúncia do primeiro o tenderia em PT a ser
|u| e não |on|
contrarregra ─ no AO90, aglutina e duplica o r sempre que o primeiro elemento termine com vogal e o segundo comece com r
convicção ─ ver abrupto
convicto ─ ver abrupto
coopositor ─ co- aglutina sempre no AO90, mesmo neste caso de vogais iguais, ver micro-onda
copta ― *cota com este sentido é erro porque a cons. é articulada e sem a consoante fica outra palavra
cor de laranja ― é uma locução, com o sentido objetivo nas palavras, logo sem os hífenes, pois a laranja tem, aproximadamente, um só tom de cor
cor-de-rosa ― (uma cor particular da rosa, trad.); • no seu Tratado, RG dedica logo no início do capítulo X um muito extenso texto a justificar por que razão esta expressão é um composto, exigindo hífenes, diferente de cor de laranja (ver), esta última uma locução; • de facto, a rosa pode ter vários tons de cor e só essa fica bem definida com os hífenes; • ver a entrada rosa, neste vocabulário
cor de vinho Aut. ― o AO90 e RG apresentam a expressão sem hífenes; • o Aut. pensa que se deve aplicar o mesmo critério que para cor-de-rosa: cor-de-vinho para o vinho tinto, porque também há vinhos que não são desse tom (branco, palhete)
corrector ─ (com o sentido de quem
corrige)
sem a cons. tende a emudecer o e; • ora a var.
corretor é recusada nesta
acepção, por
se confundir com intermediário; •
há incoerência com correto, mas a questão da não ambiguidade é mais
relevante; • este é um dos casos
em que a supressão da consoante pode mudar o sentido da palavra, e, por isso, a
variante fonética é recusada.
corretivo ― em coerência com correto, obedecendo a um critério de simplificação e porque sem a cons. a palavra não tem sentido |corrtivo|
correto ― cons. dispensada porque vogal tónica
cripta ― ver abrupto
críptico ― ver abrupto
criptogâmico ― ver abrupto
decepção (BRu) ― logo etimologia preferencial; • var. deceção n. r. (este tipo de variantes sem cons., sendo BRu com cons., podem ser omitidas neste VDA; • nos vocábulos-modelo são referidas, mas não recomendadas porque a var. contraria a simplicidade na língua, atendendo à dupla grafia inventada, desnecessária, contrariando até a unificação pretendida)
decepcionado (BRu) ― var. dececionado n. r., ver decepção
decepcionar (BRu) ― var. dececionar n. r., ver decepção
defecção (BRu) ― var. defeção n. r., ver decepção
defectível (BRu) ― var. defetível n. r., ver decepção
defectividade (BRu) ― var. defetividade n. r., ver decepção
defectivo (BRu) ― var. defectivo n. r., ver decepção
dentolabial ― com aglutinação, segundo RG, por o primeiro elemento ser de origem substantiva, terminado em o; • no caso de o segundo elemento ter inicial com consoante ou vogal diferente de o, a aglutinação não oferece dúvidas, porque se obedece ao AO90; • o problema põe-se quando o segundo elemento começa com o, visto a aglutinação em vogais iguais contrariar o AO90, mas, nesse caso, RG suprimia um dos oo como em radiouvinte ou temporoccipital, considerando os antepositivos sem o de ligação: radi-, tempor-
detecção (BRu) ― também evitar ambiguidade com detenção; • var. deteção n. r., ver decepção
detectar ― preferencial para coerência com detecção; • var. detetar (BRd) n. r.
dia-a-dia ― (“o dia-a-dia”: labuta diária, fig., um composto) grafia da INCM, FLIP não recusa; • sem hífenes só se o sentido é um dia depois de outro, uma locução: “dia a dia vai sendo tudo mais caro”
dicção ─ a consoante é
normalmente articulada; • var. dição,
recusada
didática/o ― cons. suprimida, acento tónico
díptico ─ (dobrado em dois) • ver abrupto
direção ― coerência com ação, |dirção| não tem sentido e coerência com direto
diretiva ― coerência com direto
direto ― cons. suprimida, vogal tónica
diretório ― coerência com direto
diretriz ― coerência com direto; • var. directriz só c. e., por exemplo, em questões didáticas
ducto ― ver abrupto
-eem ― as terminações verbais ‑eem , como em "creem, -creem; • deem, -deem; • leem, -leem; • veem, -veem", deixam de ter acento gráfico porque são palavras graves e só teriam acento tónico no segundo e se este tivesse acento gráfico; • sublinha-se que veem, pronunciada |vém|, se confunde agora com vêm quando monossilábica (de vir)
egípcio ─ a cons. é articulada habitualmente em PT e é única em BR (não existe *egício)
egiptologia ─ *egitologia, de Egito, é erro porque a cons. é articulada
Egito ─ cons. dispensada porque a cons. não é articulada e para unificação com BR; • mas: • var. Egipto, proposta para coerência num texto em que a família com a cons. é articulada (evitar no texto o erro egit- em *egitologia, *egitólogo, etc., por simpatia com Egito); • aliás, há pronúncia do p em PT em Egipto, embora restrita; • a palavra estava no léxico de PT, não se aceita a subordinação rígida ao critério fonético e deseja-se não perder a etimologia p. c.
ereção ― coerência com ereto
ereto ― cons. dispensada porque vogal tónica
esfíncter ― ver abrupto; • plural esfincteres |té|
espectador ─ (quem assiste)
recusada espetador com esta acepção por poder haver confusão com
a palavra noutro sentido (quem espeta)
estupefacção ─ • var. estupefação s. n. i. estupefacto (BRd)
estupefacto ─ ver abrupto
eucalipto ─ ver abrupto
exatidão ─ coerência com exato, e vogal fechada
exato ─ a cons. é dispensada porque vogal tónica
excecional ― cons. dispensada porque |exçcional| não tem sentido, e BRd; excepcional n. r. em PT por uma questão de simplicidade.
exceto ― a cons. é dispensada porque vogal tónica
exempto ― ver abrupto, e confundir-se-ia com a fonia de isento
expectativa ― quer o VOC quer o
VOLP aceitam a var. sem a cons.: expetativa, mas recusada
pelo autor porque confusão com espetar
facto ― (assunto, ato) sem a
cons. em PT, fato fica outra palavra; • não confusão em BR
porque nesse país o fato se diz terno
fator ― pode-se suprimir a cons. porque |fâtor| não tem sentido
faz-de-conta ― nome: trad.: “estar no faz-de-conta” (a fingir sem dolo que é verdadeiro o que se afirma ou se acredita, ex.: escritor e leitor na ficção), mas “faz de conta que” loc. equivalente a “supõe que"
febre-de-malta ― unidade semântica médica: não é só de Malta
febre-dos-fenos ― unidade semântica médica: sensibilização ao pólen
feijão-verde ― as espécies botânicas ou zoológicas no AO90 tem hífen obrigatório; • o Aut. propõe a distinção também entre locução e composto; • o feijão está mesmo verde ainda, logo: feijão verde, um grupo NA
ficção ─ ver abrupto
fictício ― ver abrupto
fim de semana ─ no AO90; • anteriormente tinha hífenes, mas efetivamente as palavras estão no sentido den., logo formam uma locução
fogo-de-artifício ― (que ostenta muito, mas pode não passar disso, fig.) grafia da INCM, FLIP não recusa; • var. den. fogo de artifício (pirotecnia)
fora-da-lei ― “o fora-da-lei”, composto; • mas “está fora da lei” locução
fração ― pode-se suprimir a cons. porque |frâção| não tem sentido
fricção ─ ver abrupto
friccionar ─ ver abrupto
fulano ― passa sempre a minúscula, como beltrano e sicrano
guitarra-espanhola ― como grupo NA, não precisaria de hífen pois as palavras estão no sentido real, mas tal tipo de viola tem já esta unidade semântica como nome, qualquer que seja o país onde é construído, daí os hífenes (em coerência com tinta-da-china)
hás de ― no AO90, as formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver perdem o hífen na sua ligação com a preposição de; • cuidado com o erro grosseiro “eles *hadem”
herói ― as terminações -éi, -ói, -éu das agudas são sempre acentuadas
heroico ― as palavras graves com acento tónico no ditongo -ói- deixam de ter acento gráfico, outros ex. do AO90: boia, comboio (eu c.), introito, paranoico
icterícia ― ver abrupto
impacto ─ ver abrupto
inapto ─ inato com o sentido de não apto é erro porque a cons. é articulada; • inato é uma palavra com outra acepção (congénito)
indefectível (BRu) ― *indefetível
é erro porque a cons. é articulada; • assim, como em todos os casos em que a
consoante é articulada, a var. sem a cons. indefetível é
recusada pelo Aut.
inépcia ─ ver abrupto
inepto ─ ver abrupto
infeção ― aceita-se sem a cons. e sem a variante porque |infção| não tem sentido
infecioso ― coerência com infeção; • var. infeccioso também é usada, mas n. r. para evitar as duplas grafias
infeto ― coerência com infeção
infeto-contagioso ― ambos os elementos de natureza adjetiva, com o primeiro terminado em o (RG); • nem o VOC nem a ABL obedecem a RG, pois aglutinam
inspetor (BRu) ― consoante dispensada porque |insptor| não tem sentido e para uniformizar como BR
intacto ― ver abrupto
intercepção (BRu) ― para evitar a
confusão com intercessão, recusada interceção
interceptar (BRu) ―
(interromper curso) • var. intercetar
recusada,
dada a
confusão com intersetar também recusada
intersecção (BRu) ― para evitar a
confusão com intercessão, recusada interseção
intersectar ― (cruzar); • var. intersetar recusada dada a confusão com intercetar
também recusada
intra-uterino, Aut. ― • var AO90 intrauterino (vogais diferentes), mas há o risco de
retorno no ditongo |áu| e é recusada pelo Aut.
introspeção ― aceite a forma sem a cons., porque |introspção| não tem sentido; • e como única para evitar duplas grafias, embora BRd
introspetivo ― aceite a forma sem a cons., como única, porque |introsptivo| não tem sentido; • e idem como introspeção
invicto ― ver abrupto
irrupção ― ver abrupto
jactância ― ver abrupto
jacto ― preferencial porque a existência da consoante permite também que não seja articulada; • var. jato igualmente frequente; ver sector
jardim-de-infância ― fig. porque usa a metáfora de considerar que na infância as crianças são flores; • grafia da INCM, FLIP não recusa
juiz de linha ― u. t. porque um juiz é um árbitro ; • ver teatro de guerra
julho ― meses com inicial minúscula; • mas “I de Dezembro”
Kwanza ― os topónimos e os antropónimos de origem estrangeira, ou com grafia habitual nos países de língua oficial portuguesa, podem usar as letras k, w, y, agora no alfabeto; • como na Norma anterior, estas letras também são usadas em siglas e símbolos (kW, TWA, yd)
lactante ― ver abrupto
lácteo ― (relativo ao leite) ver abrupto
lacticínio ― preferencial; • var. laticínio s. n. i. lactação, lactante lactose, lácteo
mal-estar ― (indisposição fig.); • na generalidade, quando o segundo elemento começa com vogal ou h, o hífen é obrigatório; • “ter um mal-estar (indisposição)”, que pode ser menos grave que “estar mal”
malcriado ― (um malcriado: não educado, fig.) pode aglutinar porque segundo elemento com cons.; • diferente de algo que não foi bem criado: foi criado mal ou mal criado
matemática ― as disciplinas escolares podem passar a escrever-se com inicial minúscula ou maiúscula, à opção
micção ― ver abrupto, e mição confundir-se-ia com missão
micro-onda ― segundo elemento de natureza substantiva, podendo aglutinar-se em RG, e era microonda, como microambiente; • mas o AO90 exige hífenes em vogais iguais; • caso no qual, em vez de simplificar, o AO90 complicou na exigência do hífen; • esta regra do AO90 fica em incoerência com a aglutinação sempre de co-: coopositor; • var. Aut. microonda
mictório ― ver abrupto
Natal ― as festividades continuam com maiúscula inicial
néctar ― ver abrupto
nictante ― ver abrupto
noctívago ― ver abrupto; • os vocabulários portugueses, na sua pretensa autoridade fonética, inventam a var. *notívago (no Dicionário da Academia 2001 está a pronúncia |noktívago|; • a cons., imperiosa nesta palavra, obriga à existência de nocturno num mesmo texto
norte ― (orientação) “o norte da Europa”, mas “o Norte (em Portugal)” ou “a região Norte (em Portugal)”
norte-americano ― gentílico
noturno (BRu) s. n. i. noctívago ― a cons. pode ser suprimida pois é foneticamente inerte e uniformiza com BR; • mas, num mesmo texto, fica incoerente com noctívago e deve aceitar-se a var. nocturno
nupcial ― ver abrupto
núpcias ― ver abrupto
objeção ― por coerência com objeto, e porque |objção| não tem sentido (BRd)
olfato ― cons. suprimida porque vogal tónica (BRd)
óptica ― (referente à visão) necessária a cons. para não se confundir com ótica, referente à audição
órgão ― como o ditongo terminal -ão tende a formar agudas, e porque para que as palavras sejam graves é necessário o acento gráfico; • o critério é válido para todos os casos em que as terminações tendam a formar agudas (amável, fáceis, bílis, álbuns, plâncton, Tânger, etc.)
os portugueses ― o AO90 não obriga a inicial maiúscula
ótica ― só referente à audição
ótimo ― a cons. é dispensada porque acento gráfico, mas o VOC regista também a var. óptimo, com a indicação de que é palavra BR, o que levanta o problema de estar em desacordo com o texto do AO90, pois este prescreve que o p é eliminado nesta palavra... (Base IV, 1.º, b); • é preferível adotar só sem a cons. para PT, num critério de simplificação da língua; • claro que estaremos sujeitos a que digam, como foi no caso da *pharmacia, que o óptimo sem o p até deixa de o ser; • de qualquer forma, a var. com a cons. passa a ser legítima na língua
ovelha ― a pronúncia pode ser no país |â/âi/ê|: exemplo de ser errado um critério fonético sempre taxativo, pois neste caso teríamos grafias diferentes conforme a pronúncia das regiões (ovelha vem do latim tardio ovecula, notando-se que, pelo contrário, nesta palavra o critério etimológico uniformiza a língua entre os falantes); • ver uva
pacto ― pato com o mesmo sentido é erro porque a cons. é articulada; • pato tem outra acepção
palácio ― opcional inicial maiúscula ou minúscula em logradouros públicos (rua, largo templo, edifício, etc.)
pan-africano ― ver circum-navegação
pára-quedas Aut.― ver pára; • aglutinado: *paraquedas é a forma indicada no AO90, mas há incoerência com pára-raios, pára-choques, etc.; • independentemente da necessidade de coerência com formas afins, *paraquedas tem o grave inconveniente de propiciar um mau retorno sobre a fonia, com uma pronúncia incorreta (|pârâquedas, como em |pârâgrafar|), atendendo a que o acento em pára é ilegítimo na aglutinação
paraquedista ― aceita-se a aglutinação porque já unid. e, nela, o primeiro a tende a fechar
pára Aut. ― (forma verbal, recusada para) com
acento: evitando ambiguidade com a preposição para, ex.: “nada
para os migrantes”: nada se lhes deve dar ou ninguém os pára?
péla/s/lo ― (nome péla/s ou
forma verbal péla/s/lo); •
var.
recusada: pela/s/lo como nome ou forma
verbal, para não se confundir com pela/lo/s (per+ la/lo/s)
pêlo/o Aut. ― (nome) para quando houver confusões com pelo (per + lo/s); • var. recusada: pelo (nome)
pera/o ― deixam de ter acento diferencial, como peras e peros, que já não tinham
percepção (BRu) ― logo é preferencial; • var. perseção n. r.
perceptível (BRu) ― logo preferencial; • var. percetível n. r.
perfeccionista (BRu) ― logo preferencial; • var. perfecionista n. r.
pés-de-galinha ― VOC só aceite com hífenes para “planta daninha”; • Aut. propõe também para sentido fig. de rugas
peso atómico Aut.― era na trad. com hífenes, mas o Aut. uniformiza com massa atómica
peso-pesado ― (pugilista, fig.)
pictural ― ver abrupto
pôde ― “ele pôde”, pretérito; • o acento mantém-se no AO90, sendo erro grosseiro “ele *poude” (por semelhança com o correto “eu/ele soube”) e lembrar também que é: “eu pude”, sendo “eu *sube” por sua vez um erro grosseiro
político-económico ― segundo o AO90 deveria aglutinar porque vogais diferentes, mas como político é um elemento autónomo, segue-se a regra de RG
pospor ― pos- sem acento aglutina
pós-tónico ― quando tem acento, pós- exige hífen
pré-aquecer ― quando tem acento, pré- exige hífen
precintar ― pre- sem acento aglutina
preencher ― o prefixo pre- sem acento aglutina mesmo quando vogais iguais, ver reescrever
primo-infeção ― neste composto não se faz a aglutinação, porque primo é um elemento autónomo e segue-se RG.
Príncipe Perfeito ― grupo NA objetivo, logo sem hífenes
projeção ― coerência com projeto
projeto ― cons. suprimida, vogal tónica
projetor ― coerência com projeto
proótico ― (adiante do ouvido) são duas vogais iguais, até no timbre, mas, para pro-, aplica-se a regra dos prefixos monossilábicos como re- e pre-, seguidos de e, aglutinando
provecto ― ver abrupto
radiodespertador ― obrigatoriamente aglutina segundo RG (forma substantiva mais adjetiva), considerando que radio- não é um elemento autónomo
rapto ― sem a cons. é outra palavra: rato
recepção
(BRu)
― • var.
receção recusada porque confusão com recessão. Coerentemente será: receptivo/a, BRu
receptar (BRu) ― logo preferencial; • var. recetar, recusada pois pode
confundir com receitar
receptor (BRu) ― logo preferencial; • var. recetor n. r.
recoleção ― coerência em PT com coleção;
• notar que recolecção
é BRu, mas que, em BR, é coleção BRu e não colecção; • neste caso, considerou-se
prioritária a simplificação, pois, como se diz em coleção, |colção| não
tem sentido e, logo, o mesmo se passa em recoleção; • assim, recolecção
é recusada, para evitar confusões; • caso particular de incoerência BR que não
obriga PT a segui-la, justificando-se, assim, a nova palavra recoleção na
língua universal, atitude também verificada no VOC; • no bom senso, a
regra de não criar palavras novas também não é taxativa; • ver coacção
reescrever ― o prefixo re- , monossilábico, como pre- ou pro- não obriga ao hífen quando vogais iguais, ver preencher e proótico
réptil
― ver abrupto; • a var. BRd reptil
recusada em PT
repto ― *reto com este significado é erro porque a cons. é articulada e sem a cons. é outra palavra
ressecção ― (corte) recusada a
var. resseção por ambiguidade com recessão (recuo)
retracto (BRu) ― (estar retraído); • var. retrato
recusada com este sentido por ambiguidade com retrato (fotografia)
revindicta ― ver abrupto
ricto ― ver abrupto
rosa ― nome fem.: a rosa → a flor; • nome masc: o rosa → o tom cor-de-rosa
rosa-bebé ― um rosa com menor saturação, mais suave.
rúptil ― ver abrupto
ruptura (BRu) ― logo preferencial; • var. recusada rutura
(para evitar ambiguidade com rotura de canalização; • “ruptura tem
sentido mais amplo, por exemplo, “ruptura de estoque”
saía ― quando a vogal i é tónica, desfaz-se o ditongo com o acento gráfico (senão ficaria saia |sàia|); • exceções: se não é tónica, o acento é ilegítimo: sairia, o acento também é dispensado se a vogal forma sílaba com a consoante seguinte, exceto s (ex.: sairdes, saindo, pernil) ou seguida de nh (ex.: moinho); • assim, repare-se que a regra é acompanhada de diversas exceções (há mais), que têm também de ser conhecidas, e quando se cantam loas às perfeições da Norma de 1945, é preciso considerar que não era tão perfeita; • note-se que estas regras e exceções são igualmente válidas para a vogal u (ex.: faúlha, oriundo, Raul)
santa ― opcional inicial maiúscula
secção ― ver abrupto
sectário ― ver abrupto
sectarismo ― ver abrupto
sector ― preferencial porque a existência da consoante permite em PT ser pronunciada ou não ser; • var. setor já frequente; • ver acupunctura e jacto
sem-vergonha ─ sem sempre com hífen nestes casos
senhor ― opcional inicial maiúscula
séptico (BRu) ― logo preferencial com
a cons.; • *sético
é recusada porque há ambiguidade com cético
septo ― ver abrupto
septuagenário ― ver abrupto
soto-mestre ― o hífen é obrigatório com os prefixos sota-, soto-, vice-, vizo-
sucção ― ver abrupto
super-resistente ─ com hífen, se o segundo elemento começa com r ou h (super-humano); • nos outros casos, sem hífen (supervisão, supereficaz) • idem para inter, hiper; • notar que estes prefixos convencionalmente não têm tido acento gráfico, mesmo quando associados com hífen, pois eram considerados elementos não autónomos; • contudo, se usados isoladamente, as regras ortográficas obrigam ao acento (ex.: “um jogador súper”), ver órgão
teatro de guerra ― (onde se travam as batalhas) a ACL apresenta esta expressão como exemplo de “unidade transparente” u. t. (não inteiramente denotativa, pois um dos elementos tem sentido metafórico, mas não opaco porque já habitual: “teatro” como «local onde se passa algum acontecimento notável», Houaiss); • de qualquer forma, do ponto de vista ortográfico, sublinha-se a dispensa de hífenes nestas unidades, comportando-se como locuções
técnica ― ver abrupto
tectónico ― ver abrupto
telerreceptor ― em coerência como receptor; • var. telerrecetor n. r. (não BR)
telespectador (BRu) ― telespetador recusada porque se
confunde com a ação de espetar
tinta-da-china ― fig., grafia da ACL, INCM, FLIP não recusa; • o hífen converte China num referente indireto, daí a escrita em minúsculas; • na errada grafia sem hífenes para o AO90, fica-se com a ideia de que esta tinta vem só da China
torrefacção ― recomendada em coerência com torrefacto; • cons. dispensada em torrefação como em ação, s. n. i. torrefacto; • notar que VOC recusa a var. com a cons. para PT, mas que ela existe em BR
torrefacto ― ver abrupto
Traga-Mouros ─ topónimos sempre com hífen se têm forma verbal (neste caso traga), grão, grã (como Grã-Bretanha), ou estão ligados por artigo (como Trás-os-Montes)
transepto ― ver abrupto
Trás-os-Montes ― topónimo, ver Traga-Mouros
uva ― pode ser pronunciada legitimamente no país com |v| ou |b|; • outro exemplo de ser errado um critério fonético sempre taxativo: a comunidade que pronuncia a palavra como |b| teria, nesse critério fonético taxativo, de exigir a grafia *uba; • ver ovelha
veredicto ― ver abrupto
vice-primeiro-ministro ─ ver soto-mestre quanto ao hífen com o prefixo vice-; • primeiro-ministro tem hífen, tradicionalmente, não porque é o inicial numa ordem numérica, mas porque é um: `primus inter pares´
vírgula ― os acentos nas esdrúxulas evitam ambiguidades: vírgula/virgula, adúltero/adultero, cágado/cagado)
4. resumo de critérios do autor (índice aqui)
4.1. Consoantes
O Acordo de 1990 fez-se porque o Brasil pretendia simplificação nas consoantes. Assim: • sempre que a cons. da sequência seja foneticamente inútil, suprime-se (ver acionar, correto, Ártico); • se a consoante abre a vogal anterior, pronuncia-se sem ela, emudecendo a vogal, e elimina-se só no caso de a palavra ficar sem sentido (ver adoção): não se elimina se ficar um sentido diferente ou resultarem ambiguidades (ver espectador, acepção).
Repare-se que, embora seja não articulada em Portugal, manter a consoante da sequência é legítimo na língua num grande número de palavras do léxico, consoante até hoje suprimida. De facto, estão no VOC todas as entradas grafadas em itálico no vocabulário acima.
A regra seguida pelo autor nas consoantes é semelhante (mas inversa) à que aconselha no caso das vírgulas (uma vírgula em excesso pode ser um erro bem mais grosseiro que uma falta de vírgula); “a supressão duma consoante pode conduzir a um erro bem mais grosseiro do que mantê-la” (exemplos: • *compato, erro grosseiro; • *directiva, garantia a pronúncia |dirètiva|).
4.2. Acentos gráficos e hífen
Em relação ao prescrito no AO90, faz-se só uma ou duas alterações, aceitando-se quase tudo.
4.3. Sintese
Sublinha-se, de novo, que o presente vocabulário é uma mera contribuição para o estudo do aperfeiçoamento da aplicação do AO90. Estará em evolução continuada e aguarda as conclusões que a Academia das Ciências de Lisboa anuncia que vai apresentar sobre o mesmo objetivo.
O que o autor deste trabalho não poderá aceitar, de maneira nenhuma, é o desconchavo de que palavras criadas ao longo dos séculos, pelos falantes do português europeu, lhes sejam agora proibidas, enquanto são legais noutros países de língua oficial portuguesa.
D’ Silvas Filho